O Crescimento dos Influenciadores Mirins e os Desafios por Trás das Câmeras
Nos últimos anos, o Brasil testemunhou o crescimento acelerado de um novo fenômeno nas redes sociais: os influenciadores mirins. Crianças com milhões de seguidores, engajamento altíssimo e vídeos que viralizam em questão de minutos têm se tornado figuras centrais no universo digital. Um exemplo claro é Maria Flor, a Floflô, filha da influenciadora Virginia Fonseca, que aos 2 anos já arranca curtidas e comentários de milhões de usuários nas redes da mãe.
Mas, por trás da doçura e da espontaneidade das telas, existe um cenário mais complexo que envolve exposição excessiva, trabalho infantil e lacunas na legislação brasileira.
Dados que Impressionam
De acordo com uma pesquisa recente, 93% dos jovens entre 9 e 17 anos estão conectados à internet, e 3 em cada 4 sonham em se tornar influenciadores digitais. Entre os 25 milhões de crianças e adolescentes conectados no Brasil, 83% possuem perfis nas redes sociais — muitas vezes sem o devido acompanhamento legal ou psicológico.
Esse alto índice revela como o ambiente digital se tornou um campo fértil para o surgimento de criadores de conteúdo mirins, com enorme apelo comercial para marcas que desejam atingir o público infantil e familiar.
Influência ou Trabalho?
A questão que divide especialistas é: até que ponto essa atividade pode ser considerada diversão e quando se torna trabalho?
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) permite a participação de menores em atividades artísticas, mas exige autorização judicial para atuações em televisão, teatro e cinema. Contudo, essa regra ainda não se aplica diretamente ao ambiente digital, onde a maioria dos conteúdos é produzida sem qualquer tipo de regulação formal.
Enquanto isso, plataformas como Instagram e TikTok proíbem perfis de menores de 13 anos, mas é comum encontrar contas com dados falsos ou gerenciadas pelos próprios pais, abrindo brechas para práticas publicitárias questionáveis.
Riscos e Preocupações
No vácuo da regulamentação, muitos desses perfis acabam promovendo conteúdos não apropriados, como publicidade de alimentos ultraprocessados, apostas disfarçadas em jogos, e até coaches mirins com discursos antieducação.
A falta de controle resultou, inclusive, em decisões judiciais: em novembro de 2024, o TikTok foi condenado pela Justiça do Trabalho por não coibir a exploração infantil. A plataforma agora é obrigada a exigir autorização judicial específica para contas de menores de idade.
O Que Pode Mudar?
Com o avanço do debate, cresce a pressão por uma regulamentação mais clara e atualizada sobre o trabalho infantil digital. Especialistas em direito digital e infância defendem a criação de leis que garantam a proteção de crianças na internet, estabelecendo limites de exposição, direitos sobre os lucros obtidos e acompanhamento psicológico.
Enquanto isso, pais, responsáveis e empresas precisam redobrar a atenção sobre o tipo de conteúdo compartilhado, o tempo de exposição e os objetivos por trás da presença digital de menores.
Conclusão
O fenômeno dos influenciadores mirins está longe de desacelerar, mas é essencial que ele seja acompanhado com responsabilidade e proteção legal. O Portal Amplo segue atento a essa transformação no mundo digital, trazendo reflexões importantes sobre como equilibrar a liberdade de expressão infantil com os direitos e o bem-estar das crianças.
Acompanhe mais conteúdos no Portal Amplo e fique por dentro dos temas que estão moldando o presente e o futuro das novas gerações.
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